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O que faço com essas manchas escuras no meu rosto?

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“Faço uso de um clareador, à base de hidroquinona e ácido retinóico, gostaria de saber por quê quando paro de usar as manchas voltam? Vou ter quer fazer uso contínuo para não mais voltar a aparecer essas manchas?”

A melanina é o famoso pigmento que dá cor à nossa pele e é a quantidade dela, produzida pelas células chamadas melanócitos, que determina a coloração desse órgão. Esse pigmento exerce um importante papel no organismo: ele reflete as radiações UV, protegendo a pele de possíveis lesões causadas por elas. Vários
fatores influenciam sua produção, como sexo, estação do ano e, principalmente, raça. Mas nem sempre ela ocorre de forma ordenada e uma produção desordenada pode levar a uma hiperpigmentação (escurecimento) de regiões da pele, o que, na maioria das vezes, gera insatisfação estética.

Muitos são os casos em que esse fenômeno ocorre: melasmas, sardas, dermatites por cosméticos, entre outros. De maneira geral, eles são causados por fatores como envelhecimento, alterações nas concentrações hormonais (como gravidez, uso de anticoncepcionais hormonais, distúrbios endócrinos), exposição ao sol em diferentes graus e fatores genéticos.

Para reverter esses quadros, algumas pessoas recorrem a tratamentos profundos e muito agressivos, como peelings, mas o mais comum são os tratamentos com cosméticos à base de substâncias clareadoras. O composto mais utilizado na composição de produtos clareadores de pele, há bastante tempo, é a hidroquinona. Ela promove uma despigmentação não-definitiva por atuar no processo de conversão da tirosina em melanina pela enzima tirosinase e alguns estudos sugerem que ela também seja capaz de induzir modificações na estrutura das organelas dos melanócitos, facilitando a diminuição da população dessas células. Como a síntese de melanina ocorre nas células da camada mais profunda da epiderme, até que essas células contendo o pigmento cheguem ao extrato córneo (camada de células mortas mais superficial da pele), demora um certo tempo. Da mesma forma, para que seja notado o efeito clereador, geralmente, recomenda-se um tratamento de, no mínimo, 60 dias. Para melhorar a performance do produto é muito comum associar à hidroquinona ao ácido retinóico que, além de melhorar a absorção da mesma, acelera o processo como um todo ao contribuir para a descamação da pele hiperpigmentada.

Durante o tratamento, é muito importante que o paciente faça o uso constante de protetores solares (para saber mais sobre esse assunto clique aqui) e evite qualquer exposição ao sol, fazendo uso de chapéus e roupas adequadas. Na maioria das vezes, o resultado não é imediato, mas sim, gradual. Por isso, é importante que o paciente entenda o tratamento para que sejam evitadas frustações, reicidivas e o uso inadequado dos produtos.

É EXTREMAMENTE IMPORTANTE que o tratamento seja estabelecidos juntamente com o médico dermatologista para que sejam prescritas doses ideais das substâncias para cada caso clínico (a intensidade da hiperpigmentação varia de pessoa para pessoa), já que muitos desses compostos apresentam-se como irritantes e podem promover uma descamação prejudicial da pele quando utilizados de forma incorreta. Geralmente, para evitar os efeitos tóxicos dos compostos, os tratamentos não duram mais que 6 meses .

Mas mesmo com tempo reduzido de uso, alguns efeitos adversos foram observados em pessoas em tratamento com hidroquinona e ácido retinóico, como vermelhidão leve a moderada, ardência, erupções cutâneas, coceira, descamação, ressecamento e até reações alérgicas graves. O ácido retinóico é contra-indicado em gestantes, pois possui efeitos teratogênicos (capaz de produzir danos ao embrião) e por isso é importante que o médico seja informado caso haja suspeita de gravidez durante o tratamento. Devido ao fato de possuir efeito irritante acentuado, a hidroquinona vem sendo progressivamente substituída por outros compostos e seu uso é, inclusive, proibido em países como a África do Sul e a Tailândia.

Por todas essas questões, é importante reafirmar que o médico deverá ser consultado para a escolha do melhor tratamento. Ele avaliará a intensidade da hiperpigmentação, o tipo de pele do paciente, a necessidade do uso de clareadores, entre outros. Se o tratamento dermocosméticos for escolhido, é necessário que também sejam tratadas as causas da hiperpigmentação, pois caso as mesmas continuem presentes (uso de anticoncepcionais, por exemplo), após algum tempo do término do tratamento, o escurecimento voltará a aparecer, já que a síntese desordenada de melanina voltará a acontecer.

Em alguns casos, as reicidivas são tratadas com esquemas de aplicação mais flexíveis, como duas noites na semana, mas é importante que o tratamento não seja longo, por todas as questões tóxicas já discutidas.

Retornando à pergunta original para finalizarmos essa questão, pode-se formular algumas hipóteses: o tempo de tratamento pode não ter sido eficaz para que a população de melanócitos hiperpigmentados diminuisse significativamente para não haver reicidiva, a causa da hiperpigmentação pode ainda estar presente e até o tratamento pode não ser eficaz para o escurecimento em questão. Qualquer que seja a razão, reafirmamos que o uso contínuo da formulação clareadora contendo hidroquinona e ácido retinóico não deve ser feito. A atitude mais correta e segura será, sempre, procurar o médico dermatologista e, em caso de outras dúvidas, conversar com o farmacêutico.

Referências Bibliográficas:
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