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Qual a diferença entre pomada, creme e gel?

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“Na maioria das vezes encontro para uso tópico medicamentos ou cosméticos que são diferentes em relação a sua formulação: pomada, creme e gel. Eles tem a mesma substância? Qual a diferença das formulações? Qual é a melhor?”

Esses pr
odutos são preparações farmacêuticas semi-sólidas (aspecto pastoso) que têm como característica geral a capacidade de adesão à superfície de aplicação por um período razoável de tempo antes de serem removidas por lavagem ou devido ao uso. No mercado há disponível para a mesma substância ativa (fármaco), uma certa variedade de formulações, entretanto o que elas tem em comum é o fato de terem em sua composição a mesma substância ativa e quantidade (exceto quando existem várias concentrações da substância ativa, como por exemplo 0,25% e 0,5% de betametasona). O principal motivo de se ter várias formulações é adequar o uso do fármaco a situações específicas, fazendo, por exemplo, a pomada ser indicada para alguns casos, géis ou cremes para outros. A maioria destes produtos é aplicada na pele para ocasionar efeito no local da aplicação, eles servem de veículos para fármacos ou como agentes hidratantes, emolientes (amaciar a pele), oclusivos ou protetores. Apenas uma pequena porção destes produtos é indicada para aplicação em membranas mucosas como tecido bucal, retal, mucosa vaginal, membrana uretral, revestimento externo do ouvido, mucosa nasal ou da córnea. Em cosméticos, essas formulações são utilizadas no couro cabeludo seja para definir ou facilitar o penteado.

As pomadas são, geralmente, compostas por materiais mais gordurosos (lipofílicos) como a parafina liquida ou vaselina, no entanto é possível encontrar opções que sejam solúveis em água. Estes produtos deixam mais resíduo na pele (sensação de pele engordurada por algum tempo) e são mais resistentes à eliminação pela água, sendo necessário, às vezes, utilizar sabão para tirá-los. A pasta é um subtipo de pomada cuja diferença está em apresentar uma grande quantidade de material sólido (aprox. 30-50%) disperso na base da formulação constituindo produtos que garantem uma barreira protetora da pele. Os cremes são emulsões estáveis entre fase aquosa e fase oleosa que causam menos efeito residual que as pomadas justamente pelo balanço água-óleo, estes produtos saem mais facilmente em contato com água. Os géis são constituídos por uma parte líquida confinada dentro de uma matriz polimérica que caracteriza o gel propriamente, essa matriz é formada por substâncias gelificantes como ágares e gelatinas, eles acabam evaporando rapidamente formando uma fina película adesiva. Resumindo, as pomadas são mais pegajosas, deixam mais resíduos que os cremes, devendo ser aplicada em uma área mais restrita e ser evitada em aplicações facias. Os cremes, logo, são mais agradáveis ao toque, não deixam a sensação de oleosidade podendo ser utilizados numa área maior. Da mesma forma que o creme, os géis deixam pouco resíduo. Quando abordamos os cosméticos, o gel evapora mais rápido, definindo e fixando o penteado melhor que o creme. O creme ao permanecer mais tempo no cabelo já ajuda a defini-lo.

A eficiência desses vários tipos de produtos é essencial para os medicamentos, visto que nos cosméticos eles estão relacionados às suas propriedades intrínsecas (tais como: fixação, hidratação, etc...). Para medicamentos, o melhor produto será aquele que facilite a penetração das substâncias ativas na pele através da atividade da água na camada mais externa da pele. Quanto mais água no meio, mais hidratadas ficam as células do extrato córneo da pele, facilitando a absorção do medicamento. Dessa maneira, as pomadas sendo mais oclusivas (induzem uma maior hidratação por acumulação de suor entre a pele e a camada de pomada), favorecem a absorção do medicamento. Os cremes são menos oclusivos, retêm menos água (implicando menor absorção do fármaco). No entanto pode-se aumentar a sua hidratação caso ele possua, em sua formulação, substâncias umectantes como a uréia ou o propilenoglicol.


Referências:
  • ANVISA. Farmacopeia Brasileira, 5a Edição, Brasil, 2010.
  • ANVISA. Formulário Nacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
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5 comments:

  1. Otima explicação, muito clara e objetiva. Agora só queria entender por exemplo se um creme de uso topico pode ser usado como creme ginecologico?
    Att;

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  2. Sou estudante de farmácia e monitor da matéria de farmacotécnica pela UESB, em Jequié Bahia. Fico muito feliz por ver um site relacionado a atuação farmacêutica com boa linguagem, bastante esclarecimentos ao publico em geral. Muita gente possui esse tipo de dúvidas, inclusive até mesmo minha professora de farmacotécnica cometeu certos erros ao mencionar cremes com maior poder de pentração do que pomadas, e tambem ao indicar pomada em feridas com exsudato. Ela praticamente inverteu algumas coisas. Parabens pelo site!!

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  3. Parabéns pelas informações são surpreendentes, site excelente

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  4. Parabéns, acabei de fazer um trabalho, o qual tinha dúvidas. E as informações dadas por você tirou minhas dúvidas. Muito Bem!!!

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