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Entendendo melhor os anticoncepcionais

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Os anticoncepcionais orais, também conhecidos como “pílulas” anticoncepcionais, são hoje o método mais popular de prevenção da gravidez não-planejada. Desde o início da sua comercialização, no final da década de 60, até os dias de hoje, as formulações desses medicamentos vêm sendo aprimoradas para garantir cada vez mais qualidade, segurança e eficácia e, assim, tentar, também, diminuir a ocorrência (e a gravidade) dos efeitos adversos. A pílula, no entanto, assim como outros métodos como as pílulas de emergência e injeções (que serão descritos adiante) não protegem contra a transmissão das DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), como a AIDS. O uso de preservativo (camisinha) é a maneira mais abrangente de se prevenir contra a transmissão de doenças e, também, é eficaz para evitar a gravidez. Falaremos um pouco desses vários métodos contraceptivos brevemente ao longo desse post.

1) Anticoncepcionais hormonais orais

1.1) Anticoncepcionais combinados

Os anticoncepcionais hormonais orais em associação têm a finalidade básica de impedir a concepção (gravidez). Os medicamentos combinados são compostos por moléculas semelhantes ao estrogênio e progesterona (exemplos: Selene®, Yaz®, Diane®, Microvlar®...). Não existem relatos de uso de pílulas anticoncepcionais somente com estrógenos (anticoncepcional com somente etinilestradiol, por exemplo).

A progesterona e o estrogênio são hormônios produzidos naturalmente pelo corpo (daí o termo “hormonais”). Os componentes dos anticoncepcionais imitam os hormônios presentes no organismo para conseguir produzir efeitos no corpo da mulher. Quando ingeridos e absorvidos, esses medicamentos produzem uma série de efeitos: 1) o muco secretado por células da região uterina, chamado muco cervical, se torna mais espesso e viscoso, dificultando a movimentação de espermatozóides; 2) inibição da ovulação; 3) a camada que reveste a parte interna do útero, chamada endométrio, sofre modificações que dificultam a implantação do óvulo fecundado, ou seja, apesar da fecundação, a gravidez não acontece e não avança. Os mecanismos variam com o medicamento.

Fonte: 
http://ticsnaescola.zip.net/ 

Atualmente no mercado existem diversas marcas de anticoncepcionais orais combinados, em diferentes apresentações (21 ou 28 dias). Como já abordamos em outra oportunidade (link), algumas das pílulas tem regimes monofásicos, bifásicos ou até mesmo trifásicos. O que difere umas das outras são as concentrações dos princípios ativos nos comprimidos ao longo da cartela.

É importante lembrar também que existem dois tipos de pílulas de 28 dias, as que possuem as 7 pílulas finais com placebo (sem princípio ativo) e as de “uso contínuo” (Ex: Elani 28®). No primeiro caso,  ocorre sangramento nos 7 últimos dias da cartela. Nesse caso, os comprimidos servem principalmente para que a usuária se lembre de recomeçar a nova cartela no dia certo. No segundo caso, em que todas as 28 pílulas possuem os princípios ativos (“uso contínuo”), geralmente não ocorre o sangramento por privação hormonal, que é aquele sangramento semelhante à menstruação.

Para as mulheres que não desejam ter esse sangramento, é recomendável que escolham as opções de “uso contínuo”, ao invés de “emendar a cartela”, como muitas mulheres fazem. As opções de uso contínuo foram especialmente desenvolvidas para essa finalidade e são a opção mais segura para as usuárias que desejam a ação indicada. É preciso, contudo, ter a recomendação de um médico ginecologista, porque existem diferentes opiniões dos médicos sobre esse a segurança desse medicamento. Além disso, cada caso precisa ser tratado da forma mais personalizada possível, levando em consideração, idade, hábitos e histórico de doenças de cada uma.


Para a grande maioria dos medicamentos que fazem pausa entre uma cartela e outra, espera-se sagramento durante esse período de pausa. Caso não haja nenhum tipo de sangramento, recomenda-se que o tratamento deve ser descontinuado até que se exclua a possibilidade de gravidez.

Benefícios não contraceptivos dos anticoncepcionais orais combinados

Existem comprovações de alguns resultados positivos que vão além da prevenção da gravidez. O uso desses medicamentos tem relação com a diminuição do volume menstrual, redução do câncer de ovário, controle na síndrome de ovários policísticos (SOP), melhora da acne e casos leves hirsutismo (excesso de pêlos).

1.2) Anticoncepcionais com progestógeno isolado

As pílulas que possuem na sua composição somente progestógenos isolados, são as chamadas “minipílulas” (ex. Micronor®). As minipílulas são tomadas diariamente, sem interrupção. Existem cartelas com 28 e 35 comprimidos. Também nesses casos é previsto sangramento no final do ciclo mensal da mulher (mais ou menos no 28º dia depois da última menstruação). É importante tomar o medicamento diariamente, também nesses dias. A minipílula age em grande parte ao espessamento do muco cervical, que diminui a penetração dos espermatozoides, e às alterações do endométrio, que comprometem a implatação do óvulo. As concentrações de progestógenos encontradas em minipílulas são insuficientes para bloquear a ovulação, que ocorrem em 60 a 80% dos ciclos.

2) Anticoncepcionais injetáveis

São anticoncepcionais hormonais que contêm somente progestógenos ou associação de
estrogênios e progestógenos, para administração parenteral (intramuscular), com doses hormonais de longa duração. Os locais de aplicação são geralmente nos glúteos ou no músculo deltoide (braço) e a injeção deve ser profunda, de forma a possibilitar a formação de um depósito do medicamento na região. O local não deve ser massageado após aplicação.

A injeção somente deve ser aplicada por profissional especializado (médico, farmacêutico ou enfermeiro. O paciente não deve fazer auto-aplicação). A farmácia/drogaria é um local apropriado para administrar essa injeção, sendo importante confirmar se o estabelecimento é autorizado pela vigilância sanitária para executar esse tipo de atividade.

2.1) Injetáveis com associação de estrogênios e progestógenos

A aplicação desse tipo de anticoncepcional deve ser feita mensalmente. Existem variações sobre o dia da aplicação da primeira dose; alguns medicamentos necessitam ser aplicados entre o 7º e o 10º dias após o início da menstruação enquanto outros indicam a aplicação até o 5º dia após o início do ciclo menstrual. Para uma primeira aplicação é importante conversar com o médico ginecologista e ler a bula do medicamento sobre a forma indicada de utilização.
As aplicações subseqüentes devem ocorrer a cada 30 dias, podendo variar entre no mínimo 27 dias e no máximo 33 dias após a última injeção, independentemente da menstruação.

2.2) Injetáveis com progestógeno isolado

O efeito anticoncepcional tem maior duração. A aplicação intramuscular deve ser feita de 3 em 3 meses (trimestralmente). É importante que a injeção seja aplicada nos primeiros 5 dias após o início de um ciclo menstrual normal. Deve-se repetir a injeção a cada intervalo definido, podendo ser feita até, no máximo, quinze dias após a data estipulada, para não aumentar o risco de falha.

Se houver atraso na aplicação de nova injeção depois do período previso, em qualquer um dos dois casos, a proteção estará diminuída (ou seja, há o risco de engravidar). É necessário o uso de método complementar, como a camisinha.

3) Pílulas contraceptivas de emergência

Também chamada de “pílula do dia seguinte”, esse medicamento deve ser usado em casos isolados, no máximo até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Mais informações podem ser lidas em um post já publicado aqui no blog nesse link (link).

Para finalizar, ressaltamos a importância de uma consulta médica antes de iniciar o uso de qualquer medicamento. O método contraceptivo é escolhido levando em consideração muitos fatores como a idade da paciente, se ela sofreu aborto ou se está no período pós-parto, histórico de doenças como hipertensão e tromboflebite superficial e comportamentos como tabagismo.


Referências Bibliográficas:

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