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A catalase e o vitiligo, uma relação promissora.

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“Sou portadora da doença vitiligo, gostaria de saber se a enzima catalase é o caminho das pedras.”

Além das terapias convencionais, outras terapias vêm ganhando espaço considerável no tratamento do vitiligo. Sabe-se que aproximadamente um terço dos pacientes tratados atinge resultados satisfatórios e a maioria deles é a longo prazo e com alto custo. Assim, as terapias alternativas constituem uma nova opção para esses pacientes e incluem, dentre elas, a pseudocatalase. Para entender melhor essa terapia é preciso primeiro apresentar alguns conceitos.

Vitiligo caracteriza-se pela diminuição ou falta de melanina (pigmento que dá cor à pele) em certas áreas do corpo, gerando manchas brancas nos locais afetados. Essa falta de pigmento se dá pela destruição progressiva dos melanócitos que são as células responsáveis pela produção da melanina da pele (epiderme). A origem da doença ainda não foi, completamente, entendida e existem diversas teorias para explicá-la e fatores ambientais, hereditários e auto imunes que são levados em conta.

A catalase é uma enzima antioxidante do nosso corpo responsável por “quebrar” o peróxido de hidrogênio (a famosa água oxigenada) produzido pelas células, em água e oxigênio. A água oxigenada é uma substância oxidativa, ou seja, causa dano celular podendo levar a sua morte por ação dos radicais livres.

Foi comprovado que na pele sã e lesada dos portadores do vitiligo existe um baixo nível da enzima catalase. Logo, haverá uma tendência ao acúmulo de substâncias oxidativas (radicas livres), como o peróxido de hidrogênio, na pele desses pacientes. Têm-se mostrado que a lesão, causada por essas substâncias, nos melanócitos da pele das pessoas com vitiligo, caracteriza-se pela morte dessas células e, consequentemente, pela despigmentação (perda de cor) da pele.

O tratamento tópico com pseudocatalase (PC-KUS, complexo que possui também cálcio e difere da catalase natural) em pacientes com vitiligo tem como objetivo imitar a atividade da catalase do corpo promovendo assim a repigmentação por corrigir, aparentemente, o efeito do acúmulo do peróxido de hidrogênio na epiderme. A pseudocatalase é aplicada na pele despigmentada duas vezes por dia aliada a exposição 2 a 3 vezes por semana ao UVB (fototerapia). Os resultados clínicos indicam que 60-65% dos pacientes tratados com a pseudocatalase apresentam repigmentação.

Estudo com 33 pacientes com vitiligo (12 homens e 21 mulheres) com idade média de 41 anos e com doença ativa, tratados com pseudocatalase tópica, cálcio e exposição ao UVB, mostrou que o processo de despigmentação estabilizou em todos os pacientes e que os primeiros sinais de repigmentação foram observados após período de tratamento que variou de dois a quatro meses na maioria dos pacientes. Vale lembrar que produtos comercializados como cremes contendo catalase natural são ineficazes, já que não penetram na camada superficial da pele como a pseudocatalase faz.

Portanto, o tratamento do vitiligo tem como objetivo parar sua progressão, estimular a repigmentação e manter essa pigmentação. Ele é individualizado e leva em conta: a forma clínica, tempo de evolução, atividade, área acometida, idade, localização das manchas e disponibilidade para o tratamento.

Sendo assim, o tratamento com a pseudocatalase pode ser bastante útil sim, desde que acompanhado e prescrito por um médico. Lembrando que ele é recomendado para pessoas cujo tratamento padrão não tenha sido eficaz.

Referências:
  • S. Denise et al. “Vitiligo”. An. Bras. Dermatol. vol.79 no.3 Rio de Janeiro May/June 2004
  • Casp CB, She JX, McCormack WT.”Genetic association of the catalase gene (CAT) with vitiligo susceptibility.” Department of Pathology, Immunology and Laboratory Medicine, University of Florida College of Medicine.
  • Prof.Karin U Schallreuter MD. “Pseudocatalase (PC-KUS) Update”. Clinical and Experimental Dermatology, Institute for Pigmentary Disorders, Greifswald, Germany.
  • K U Schallreuter, J M Wood and K R Lemke et al. “Treatment of vitiligo with a topical application of pseudocatalase and calcium in combination with short term UVB exposure”. Dermatology, 190: 223-229, 1995.
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1 comments:

  1. Muito bom! Gostei muito de conhecer um pouco mais sobre a doença.

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