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Enjoos, medicamentos para dormir e viagens!

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“Tenho uma dúvida, na verdade, procuro uma sugestão. Não gosto de viajar de avião e gostaria da recomendação de algum remédio para dormir durante toda uma longa viagem. Algumas pessoas já aconselharam o "Frontal", outras o "Dramim". Existe algum risco em tomar algum destes medicamentos? Qual seria o mais aconselhável?
Desde já agradeço a ajuda!”

O interior de um avião não é um ambiente muito agradável, pouco espaço, muito barulho, ar muito seco e frio acabam fazendo com que a viagem seja desconfortável e cansativa além do mais, a ansiedade da chegada, os enjoos e muitas vezes até o medo do avião fazem da viagem um grande problema. Muitas pessoas acreditam que a indução do sono pode amenizar todos esses transtornos e, assim, acabam recorrendo aos medicamentos. Devemos lembrar que essa nem sempre é a melhor saída, muitas vezes o medicamento passa de solução dos problemas para a origem deles.

A intenção dessa resposta não é indicar medicamentos e muito menos incentivar a auto medicação, vamos apenas contribuir para um melhor entendimento dos fármacos usados nessas ocasiões bem como o efeito dos mesmos no organismo. É importante salientar que deve-se sempre procurar um médico antes de fazer uso de medicamentos, isso reduz a chance de ocorrência de efeitos adversos, intoxicações e surgimento de doenças associadas.

Agora, voltando a pergunta...

Os medicamentos citados pelo internauta, Frontal R (Alprazolam- Produzido pelo Laboratório Pfizer Ltda) e Dramin (Dimenidrinato - Produzido por Nycomed Pharma Ltda) são usados, dentre outras finalidades, para induzir o sono. O Alprazolam é Sedativo-hipnótico (benzodiazepínico) de uso controlado e vendido com retenção de receita médica e o Dimenidrinato é um anti-histamínico de primeira geração vendido sem a retenção da receita médica.

Os benzodiazepínicos, como o alprazolam, agem deprimindo o sistema nervoso central e assim, moderam a excitação, reduzem as atividades ligadas ao movimento e ao raciocínio do paciente, provocam calma, sonolência e ainda facilitam o início e a manutenção do sono. Esses medicamentos são indicados, principalmente, quando o paciente sofre de ansiedade ou medo de avião, e quando a viagem gera um incômodo maior que o normal. Nesses casos, o médico deve avaliar cuidadosamente o paciente e assim, escolher qual o melhor medicamento dentre os benzodiazepínicos deverá ser usado no tratamento. Os benzodiazepínicos, portanto, o Alprazolam, podem comprometer as atividades psicomotoras e ainda a capacidade de raciocínio do indivíduo (atividades importantes em uma viagem de avião), além de causar dependência e uso abusivo (o alprazolam, em especial, causa sintomas de abstinências mais graves que os demais benzodiazepínicos).


A sedação, embora muitas vezes desejada, é um efeito adverso de muitos fármacos que não são depressores gerais do Sistema Nervoso Central, como por exemplo os anti-histamínicos de primeira geração, como o dimenidrinato. Esse medicamento é mais indicado para o uso como antiemético, ou seja, para reduzir a ocorrência de náuseas, enjoos e vertigens, principalmente, associadas ao movimento (viagens). Como o alprazolan, o dimenidrinato também pode atrapalhar as atividades psicomotoras e de raciocínio dos indivíduos. Ele pode causar além da sonolência (nesse caso desejada), tontura, zumbido, visão embaçada, nervosismo, euforia (pode ser sinal de intoxicação) , azias e outros desconfortos relacionados a digestão,entre outras complicações. A duração do efeito do dimenidrinato é de 4 a 6 horas.

Portanto, alprazolam é mais indicado nos casos em que o indivíduo possua medo ou pânico da viagem (ele é vendido apenas com receita médica), enquanto o dimenidrinato atua como sedativo e é mais utilizado em casos de náuseas e enjoos de movimento.

É Importante salientar que, por agirem no Sistema Nervoso Central, JAMAIS esses dois medicamentos, o dimenidrinato e o alprazolan devem ser administrados juntos ou em intervalos de tempo curtos. Esses medicamentos não podem ser administrados juntamente com bebida álcoolica, pois existe o risco grave de depressão acentuada do SNC podendo causar parada respiratória e até morte do individuo.

Em viagens longas, como as internacionais, a sedação muitas vezes não é indicada, pois é necessário que os membros se movimentem e a circulação seja mantida para evitar que eventos tromboembólicos ocorram, o que geralmente não acontece com indivíduos sedados. Em pacientes pré-dispostos, um tempo elevado na mesma posição (sem movimentação) pode causar tromboses e embolias.


Referências

  • Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica – McGraw-Hill Interamericana Editores, 9ª.ed. 1996.
  • Klasco RK, editor. USP DI Drug information for health care Professional [Database on the internet]. Greenwood Village (colorado): Thompson MICROMEDEX; Disponível em: www.periodicos.capes.gov.br

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