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Entenda os cuidados do tratamento medicamentoso para a depressão

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“Meu irmão está com forte depressão, e foram-lhe prescritos por psiquiatra os seguintes medicamentos:
RIVOTRIL® (2,5): 0 + 0 + 30 gotas; RIVOTRIL® (0,25): sublingual
CLORIDRATO DE VENLAFAXINA: 1 + 0 + 0
CITALOPRAM (20): 1 + 0 + 0
RISPERIDONA (6): 3 + 0 + 3
Gostaria de saber se, além das recomendações da psiquiatra, existem cuidados adcionais que devam ser seguidos”


A depressão é uma condição relativamente comum, de curso crônico (condição contínua) e recorrente, ou seja, recaídas são frequentes. Considera-se que depressão seja ocasionada por menor liberação de neurotransmissores (NTs) – serotonina, norepinefrina e dopamina – responsáveis pelo impulso nervoso. A menor liberação de NTs diminui a atividade no Sistema Nervosos Central causando a depressão. Falta de norepinefrina está relacionada com perda de energia, atenção e interesse pela vida; a de serotonina explicaria ansiedade, obsessões e compulsões, a de dopamina está ligada à redução de atenção, motivação, prazer e interesse pela vida. 

Distúrbios depressivos englobam depressão maior (em episódio único ou de forma recorrente), distimia (forma mais leve e crônica) e tipos não especificados de depressão. Observa-se que depressão pode ocorrer, primariamente, sem definidos fatores desencadeantes ou ser secundária a outras doenças e ao envelhecimento. O tratamento de distúrbios depressivos envolve medidas não medicamentosas e medicamentosas. O tratamento com medicamentos visa tratar os sintomas acima relacionados.

A escolha de um antidepressivo ou associações leva em conta eficácia, segurança, tolerabilidade, toxicidade em superdosagem, resposta prévia do paciente ou de um familiar a um determinado agente, experiência do médico e ocorrência de situações especiais que exijam antidepressivos isentos ou com menor grau de alguns dos efeitos adversos. No caso em análise, são utilizados uma associação de 2 antidepressivos (citalopram e venlafaxina), um antipsicótico (risperidona) e um benzodiazepínico (Rivotril® [clonazepam] produzido por Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.: 2 formas farmacêuticas). Os cuidados a serem observados se devem principalmente ao fato de se tratar de politerapia (utilização de vários medicamentos) devido às possíveis interações entre os medicamentos. A associação de antidepressivos é utilizada quando o paciente não responde ao tratamento inicial com apenas um antidepressivo e também em casos de depressão refratária (de difícil tratamento).

Existem várias classes de antidepressivos. A venlafaxina é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina, norepinefrina e inibidor fraco da recaptação da dopamina, já o citalopram é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina. Isso quer dizer que ambos atuam seletivamente aumentando a disponibilidade de apenas alguns neurotransmissores que influenciam na depressão. A atividade antidepressiva da venlafaxina e do citalopram está relacionada à potencialização da atividade neurotransmissora no Sistema Nervoso Central. Todos pacientes tratados com venlafaxina devem ser apropriadamente monitorados e atentamente observados quanto a piora clínica e risco de suicídio. Os pacientes, seus familiares e cuidadores devem ser orientados a ficarem alertas quanto ao aparecimento de ansiedade, agitação, ataques de pânico, insônia, irritabilidade, piora da depressão, principalmente no início do tratamento. Caso o tratamento concomitante da venlafaxina com um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (citalopram) for clinicamente justificado, recomenda-se a observação cuidadosa do paciente, especialmente no início do tratamento, pois uso associado destes antidepressivos pode causar “síndrome serotoninérgica” devido ao aumento do risco de interação com outras substâncias que afetem a transmissão serotonérgica, levando ao aparecimento de sintomas como: alterações cognitivas e comportamentais (confusão, e agitação), do sistema nervoso autônomo (diarréia, febre, diaforese, efeitos na pressão arterial, náuseas e vômitos) e neuro-musculares (incoordenação e tremores).

O uso dos antipsicoticos atípicos (Risperidona) em baixas doses aumenta de forma significativa a resposta aos antidepressivos nas depressões resistentes, não apenas nas depressões bipolares ou naquelas com caracteristicas psicoticas. As reações adversas mais comuns são: dificuldade para dormir, dor de cabeça, tremores e postura instável. A utilização do Rivotril® sublingual deve ser feita em casos de emergência, como em crises de ansiedade, uma vez que foi prescrito o Rivotril® gotas à noite. O uso concomitante de Citalopram e Rivotril® diminui o limiar para convulsões ou seja aumenta o risco de sua ocorrência. Reações adversas mais comuns dos medicamentos prescritos são: insônia, ansiedade, nervosismo, náusea. 

É importante observar se o paciente aderiu ao tratamento: se está tomando corretamente a medicação prescrita; e se o paciente responde ao tratamento: melhora progressiva dos sintomas da depressão. É indispensável acompanhamento médico no caso, e estudos mostram que a farmacoterapia (tratamento medicamentoso) associada à psicoterapia (acompanhamento psicológico) acelerou a resposta de paciente no tratamento da depressão. Não interrompa a medicação sem a autorização do seu médico!

Referências:
  • FLECK, Marcelo P. et al. Revisão das diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão. Rev Bras Psiquiatr., Porto Alegre, n. , p.S7-S17, 2009. Disponível em: . Acesso em: 28 out. 2011. 
  • SARIN, Luciana Maria; PORTO, José Alberto Del. Antipsicóticos atípicos na depressão refratária. J Bras Psiquiatr, São Paulo, v. 58, n. 2, p.73-78, 10 mar. 2009. 
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Uso Racional de Medicamentos, Brasília, 2011 
  • ANVISA. Bulário Eletrônico. Disponível em http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B26227-1-0%5D.PDF;http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B25824-1-0%5D.PDF;http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B26322-1-0%5D.PDF;http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B25823-1-0%5D.PDF.
  • BERGER, William et al. Antipsicóticos, anticonvulsivantes, antiadrenérgicos e outras drogas: o que fazer quando o transtorno do estresse pós-traumático não responde aos inibidores seletivos da recaptação da serotonina? Rev Bras Psiquiatr., Rio de Janeiro, 03 jul. 2007. p. s61-s65. 
  • MORAES, Walter André Dos Santos et al. Antidepressivos sedativos e insônia. Revista Brasileira de Psiquiatria 2011, São Paulo, p. 91-95. 11 out. 2010.
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